Na carta de Declive pode-se observar o declive da zona, onde se atribuem valores de 0 a 58,12 %, embora a grande maioria dos valores se situem entre os 0 e os 30 %.
Figura 8 – Declive do terreno
Na figura 8 podem-se observar as zonas de declive superior a 4 %, a negro, e as zonas de declive inferior a 4 %, a verde. Só a zona a verde será considerada para a determinação da área final, pois a zona de declive superior a 4 % não é viável para o cultivo do trigo.
Do mesmo modo que o mapa Carta de Declive, foram reclassificadas a
Carta de Precipitação Anual Total e a Carta de Solos, obtendo-se os mapas Precipitação e Vertissolos.
Figura 9 – Mapa de Precipitação no terreno (500 – 600 mm)
Figura 10 – Mapa de vertissolos no terreno (crómicos, calcários e pélicos)
Na figura 9, a azul-turquesa está identificada a zona de precipitação 500 a 600 mm. A zona a azul celeste representa a zona com diferentes valores de precipitação. Este valor será considerado para a determinação final da área de cultivo pois sendo uma condição imposta, para valores diferentes de precipitação, o cultivo do trigo torna-se inviável.
A figura 10 apresenta a localização dos vertissolos no terreno. Estes encontram-se relativamente juntos e a sul, representados a verde. A zona a negro representa qualquer outro tipo de solo que não o vertissolo. Só os vertissolos serão considerados na determinação final da área para o cultivo do trigo.
Após reclassificação das três cartas iniciais (
Carta de Solos,
Carta de Precipitação e Carta de Declive) e obtenção dos três novos mapas (
Vertissolos,
Precipitação e
Declive), foi feito um CROSSTAB (GIS ANALISIS → DATABASE QUERY → CROSSTAB) dos três, isto é, os três mapas foram intersectados, formando um único mapa sobreposto. Este mapa (
Figura 11) contém oito classes e cada classe corresponde ao valor que cada um dos três mapas tem, ou seja, a primeira classe tem o valor: 0|0|0. Quer isto dizer, que as zonas com a cor atribuída a essa classe não contêm um vertissolo, nem uma precipitação de 500-600 mm, nem um declive inferior a 4 %. No caso da classe ter o valor 1|0|1 quer dizer que a zona com a cor atribuída contém vertissolo, não contém precipitação de 500-600 mm e tem declive inferior a 4%. O valor zero (0) quer dizer que não satisfaz a condição e o valor um (1), sim a satisfaz.
Após o CROSSTAB foi criado um ficheiro de texto (
atribute values) atribuindo valores de zero (0) para as sete primeiras classes e o valor de um (1) para a classe 8. A classe 8 é a classe onde os três mapas têm o valor um (1), isto é, as áreas onde se dão as três condições (1|1|1). Áreas onde coincidem as três condições. Após a criação do ficheiro, executa-se o comando ASSIGN (GIS ANALISIS → DATABASE QUERY → ASSIGN), criando-se o mapa da área apta para o cultivo (
Figura 12), cumprindo as três condições iniciais: ser uma zona de vertissolo, com precipitação entre 500-600 mm e com um declive inferior a 4%.
Figura 11 – CROSSTAB dos mapas de Declive, Precipitação e Vertissolos
Figura 12 – Área apta para o cultivo de trigo
A figura 11 contém a junção dos três mapas Declive, Precipitação e Vertissolos. Observa-se a mistura de cores e as oito classes formadas. A última classe tem o valor 1|1|1, área a roxo onde coincidem as três condições iniciais, ou seja, a área apta para o cultivo do trigo, visível na figura 12, a vermelho.
Para finalizar, apresenta-se um novo mapa com a área (em hectares) disponível para o cultivo de trigo. Este novo mapa é construído através do comando AREA (GIS ANALYSIS → DATABASE QUERY → AREA), escolhendo a unidade hectares.
Figura 13 – Área apta para o cultivo de trigo, em hectares
A área representada a negro, na figura 13, simboliza a área total disponível para o cultivo de trigo; área que cumpre as três condições iniciais. A área a branco dentro do quadro representa a área não apta, e portanto, não considerada. A área apta tem um valor de 33.584 hectares (335.842,2 Km2) e a não cultivável de 1.210.957 hectares. A área total do terreno é de 1.244.541 hectares e a fracção do solo com possibilidade de cultivo é de 2,7 %.
De modo a obter uma maior precisão na localização no Alentejo e em Portugal da área apta para cultivo, foi elaborado um novo mapa onde a zona apta se insere no Portugal continental. Para tal foi importado um mapa de Portugal disponibilizado no sitio do Instituto do Ambiente (FILE → IMPORT → SOFTWARE → SPECIFIC FORMATS → ESRI FORMATS → SHAPEIDOR).
Figura 14 – Área apta para cultura localizada em Portugal
Na figura 14 observa-se a localização da área apta para cultivo na região do Alentejo. Esta divide-se pelos concelhos de Évora, Vidigueira, Ferreira do Alentejo, Aljustrel, Beja e Serpa.
Para ampliar o estudo foi criado um mapa com a área apta para cultivo em simultâneo com as ferrovias da região.
Figura 15 – Localização de ferrovias na região do Alentejo
Pode-se constatar que as ferrovias atravessam os concelhos de Beja e Serpa coincidindo com áreas de produtividade de cultura de trigo.
CONCLUSÃOEste trabalho permite-nos explorar algumas das capacidades da Álgebra de Mapas, uma modelação espacial que nos permite, partindo de duas imagens com diferentes informações, seleccionar uma área que possua características necessárias ao objectivo do trabalho. A resolução evidenciou a grande importância da Álgebra de Mapas na utilização da informação geográfica, revelando-se de extrema utilidade na resolução de problemas práticos.
Assim, a Álgebra de mapas permite o cruzamento entre variáveis de mapas distintos e a formação de novas variáveis num único mapa que não são mais do que todas as possibilidades de associação entre as variáveis dos mapas iniciais.
No presente caso, criou-se um mapa com o local ideal para o cultivo do trigo na região do Alentejo, tendo por base três condições preferenciais referentes ao tipo de solo, precipitação e declive. Porém, estes três factores podem ser insuficientes para uma boa escolha da área de cultivo, pois a cultura do trigo pode estar dependente de outros factores químicos ou físicos, tais como a temperatura ou pH. Após a realização do trabalho, conclui-se que a área possível para o cultivo de trigo é de 33.585 hectares, dos 1.244.541 hectares do terreno, ocupando a área cultivável uma fracção de 2,7%.
Para além destas potencialidades podemos ainda aperceber-nos da utilidade que apresenta para a Engenharia do Ambiente, no caso de implementação de uma estação de tratamento de águas residuais ou de uma instalação fabril, recorrendo para tal a informação de base do terreno.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS-
Atlas do Ambiente
- Sistema Nacional de Informação Geográfica
- Sítio da disciplina de EATIG