TRABALHO PRÁTICO Nº 4 - MÉTODOS DE INTERPOLAÇÃO
MÉTODOS DE INTERPOLAÇÃO
OBJECTIVO
INTRODUÇAO
Figura 2 – Registo de precipitação nas 262 estações
Os polígonos de Thiessen transferem dados pontuais para áreas. Para se obterem polígonos de Thiessen unem-se todos os pares de pontos com segmentos recta e traça-se a perpendicular a cada segmento de recta.
A análise de tendência mostra tendências em larga escala de dados ou padrões dos dados. É um interpolador global e estatístico que ajusta os dados existente a um polinómio de x grau. Traduz-se em resultados fiáveis quando existe uma relação sólida entre o parâmetro e as variáveis.
O método Kriging baseia-se na taxa de alteração de variância com a distância entre pontos observados. Quando aumenta a distância a um ponto de medição de um atributo, aumenta a probabilidade dos valores desse atributo serem diferentes. É um interpolador estocástico. Por último, a inversão do quadrado da distância é um método de interpolação baseado no cálculo das médias móveis. Este método estima valores onde não existem pontos, utilizando uma média pesada dos pontos circundantes, em função da distância. Esta relação é inversamente proporcional, uma vez que, quanto maior a distância, menor o peso que tem na média, e quanto menor a distância, maior o peso.
METODOLOGIA
Figura 3 – Metodologia geral adoptada
A distância entre classes (Class width) deve ser a mesma para comparação de histogramas. Por defeito, o valor escolhido pelo idrisi é de 2,28 (figura 5). Porém, para melhor visualização será escolhido o valor 5. Os valores no eixo dos X – valores da precipitação serão aproximadamente entre 0 e 228. No eixo dos Y estão representados os valores dos píxeis.
Figura 5 – Image histogram
Figura 6 – Histograma relativo à distribuição dos valores de precipitação
MÉTODOS DE INTERPOLAÇÃO
1. ANÁLISE TENDÊNCIA – TREND
A análise de tendência é um método de interpolação que permite ajustar um polinómio de valores observados, com o valor estimado a partir destes. A variável distribui-se no espaço em função das coordenadas, ou seja, a variável independente são as coordenadas geográficas e a variável dependente é a precipitação.
Para a análise de tendência, utiliza-se o comando TREND, em Gis Analysis – surface Analysis – interpolation, figura 7. Pretende-se uma análise de tendência cujo histograma se aproxime com o primeiro. Deste modo é possível modificar a ordem do polinómio, obtendo um histograma próprio para cada ordem.
Figura 7 – Trend surface analysis
A figura 8 apresenta a metodologia adoptada para a análise de tendência.
Figura 8 – Fluxograma da metodologia adoptada na Análise de tendência
Figura 9 – Análise de tendência: linear
Figura 10 – Análise de tendência: quadrática
No mapa de tendência quadrática, os valores de precipitação aumentam de Nordeste para Sudeste, sendo no geral mais elevados a Oeste que a Este.
Figura 11 – Análise de tendência: cúbica
O mapa de interpolação escolhido para a análise de tendências é o quadrático, pois embora tendo um coeficiente de correlação inferior ao mapa de análise cúbica, consegue-se reconhecer um padrão (função adaptável) no seu histograma, não se verificando tal facto na analise de tendência cúbica ou superior. Os valores dos coeficientes para a análise de tendência linear, quadrática e cúbica são de 79,15; 84,19 e 86,03% respectivamente.
Numa regressão linear, com o aumento do grau do polinómio, o valor de R2 a ela associado aproxima-se à unidade, dado a recta de tendência progredir para 100% nos gráficos. No entanto, é necessário que se verifique um padrão no histograma e tal facto não acontece na análise de tendência cúbica. Tal facto pode ser confirmado nos histogramas das figuras 12 e 13.
Figura 12 – Histograma: Análise de tendência quadrática
Figura 13 – Histograma: Análise de tendência cúbica
2. INVERSO DA DISTÂNCIA PESADA (1/D): INTERPOL
Este método tem por base a relação entre os valores e a distância, os valores de precipitação obtidos relacionam-se com os valores pontuais do ficheiro vectorial rain dependendo dos valores vizinhos, logo pontos próximos no espaço tenderão a ter valores de precipitação mais parecidos que pontos mais afastados.
A figura 14 representa a metodologia adoptada para o método inverso da distância pesada.
Figura 14 – Fluxograma da metodologia adoptada no Inverso da Distância Pesada
Figura 15 – Surface interpolation
Figura 16 – Inverso da distância pesada: linear
Figura 17 – Inverso da distância pesada: quadrática
Figura 18 – Inverso da distância pesada: Histograma linear
Figura 19 – Inverso da distância pesada: Histograma quadrática
3. POLÍGONOS DE THIESSEN
Para a realização deste método é necessário converter o ficheiro RAIN em formato vectorial, para formato integer. A metodologia adoptada está representada na figura 20.
Figura 20 – Fluxograma da metodologia adoptada na obtenção de Polígonos de Thiessen
Figura 21 – Thiessen polygon
A partir deste método de interpolação, verifica-se que na área em questão, os valores de precipitação são iguais ao valor pontual de onde se determinou a região (polígono) mais próxima a esse mesmo ponto (figura 22).
Figura 22 – Polígonos de Thiessen
Apresenta-se também o histograma correspondente aos polígonos de Thiessen, na figura 23.
4. VARIOGRAFIA E KRIGING
O método de Kriging é um método de interpolação que se baseia na diferença da variância com o aumento da distância entre dois pontos. Para a realização do Kriging, recorre-se ao menu Gis analysis, Surface analysis, interpolation e abre-se a janela Spatial Dependence Modeler. Inicialmente, o Display Type está em Surface. O gráfico traduz a nuvem do variograma, designada pela forma como os valores da semivarância estão dispostos no espaço. A distância que corresponde a um lag zero encontra-se no centro, a partir do qual as distâncias dos lags vão aumentando em todas as direcções.
Para analisar as direcções em que a variabilidade espacial ocorre, constroem-se variogramas direccionais. DisplayType altera-se para directional, residuals altera-se para raw e selecciona-se Omnidirectional override, para obter o variograma omnidireccional (a vermelho) como demonstra a figura seguinte. A figura abaixo apresenta também os variogramas direccionais a 95º, a verde, e 5º, a preto, direcções perpendiculares.
Figura 24 – Spatial Dependence Modeler – variogramas omni, 95º e 5º
Para obtenção do gráfico H-scaterplot, selecciona-se lag1 e Graph Lag (figura 25).
Figura 25 – H-Scatterplot
Posteriormente procede-se à selecção do modelo matemático que descreve o padrão da variabilidade espacial – Model Fitting. Selecciona-se o comando kriging and simulation (figura 26). Escolhe-se a opção Block Average Variogram Values, e estabelece-se o tamanho em X e Y de 20 para a sua interpolação. Este número refere que a interpolação vai resultar numa estimativa média para um conjunto de 20x20 píxeis. É também necessário obter uma máscara (matriz) vazia, cujo valor do raio é 1.
Figura 26 – Model fitting
Figura 27 – Kriging and simulation
Figura 28 – Mapa de Kriging: precipitação
Figura 29 – Mapa de Kriging: erros
1. ANÁLISE DAS SUPERFÍCIES INTERPOLADAS
São comparados os resultados obtidos com os dados vectoriais proporcionados de modo a cumprir o objectivo do trabalho.
Comparando os histogramas da análise de tendência com o histograma dos dados vectoriais da precipitação, pode-se inferir que o histograma da análise de tendência quadrática é semelhante ao histograma dos dados vectoriais, logo o modelo quadrático é o escolhido.
A análise de tendência linear fica totalmente descartada, pois os histogramas não têm qualquer semelhança.
Figura 30 – Comparação do histograma dos dados vectoriais com os histogramas da análise de tendência
Figura 31 – Comparação do histograma dos dados vectoriais com os histogramas do inverso da distância pesada
Figura 32 – Comparação do histograma dos dados vectoriais com o histograma de polígonos de Thiessen
2. VALIDAÇÃO
Para proceder à validação do modelo mais adequado, utilizaram-se os dados da tabela 3.
Na eleição do melhor método de validação para a construção da carta de precipitação, foram calculados os erros associados a cada método (tabela ER).
Pode-se constatar que o método com um menor erro é o inverso da distância pesada, tendo um valor de erro médio de 104, face aos 137 do método Kriging, aos 114 da análise de tendência quadrática, e aos 644 dos polígonos de Thiessen.
CONCLUSÃO
Como conclusão e com o intuito de responder ao cerne da questão, na selecção do melhor método de interpolação foram analisados os erros médios associados. Pode-se inferir que, o método com menor erro médio associado será provavelmente (não contabilizando outros possíveis factores de alteração) o melhor método para a construção da carta de precipitação.
Verifica-se então que, o melhor método dentro da análise de tendência foi a quadrática. No entanto, este não foi o método com menor erro médio associado de entre os quatro apresentados.
Métodos como polígonos de Thiessen são descartados pois para além de ser um interpolador abrupto, apresenta um aumento da precipitação de uma forma não contínua, formando áreas (polígonos) onde todos os pontos são de igual precipitação. Esta afirmação pode ser contrastada com o elevado erro associado a este método.
É de notar que, o método Kriging costuma ser um bom modelo para a construção deste tipo de cartas, pois para além de ser um interpolador estocástico, permite avaliar incertezas e erros associados, produzindo superfícies suaves devido ao seu carácter gradual. No entanto, o erro médio associado é superior ao erro médio associado para o inverso da distância pesada, concluindo assim que neste caso, não é o melhor método.
Como conclusão final, assinala-se o método do inverso da distância pesada como o mais favorável à construção da carta de precipitação no Sahel, tendo um erro médio associado de 104. Este interpolador é local, determinístico e exacto e como já foi indicado, a distância actua como peso, permitindo ajustar esse mesmo peso através do expoente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- SEIXAS, Júlia – Métodos de interpolação: geoestatísticas. Análise de variogramas. Kriging. Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências e Tecnologia. 2006-2007.